O Programa de Pós-Graduação em Música da UFRJ e o Grupo de Pesquisa MusMat apresentam nos dias 4, 5 e 6 de dezembro a segunda edição do Congresso Nacional de Música e Matemática, reunindo pesquisadores do país e estrangeiros em torno do tema Música e Matemática – Formulações teóricas e aplicações criativas.
O evento tem entrada franca e será constituído por mesas redondas, comunicações e apresentação de obras baseadas em modelos matemáticos – chamadas pelo grupo de matemúsicas.
Confira a programação completa e o conteúdo das comunicações e palestras abaixo e no site do Grupo MusMat.
Programação Geral
Segunda-feira (04/12) |
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10:00 | Credenciamento |
12:00 | Intervalo |
14:00 | Abertura do Congresso |
15:00 | Palestra I
Analogia matemática versus metáfora na compreensão da música como uma estrutura bioquímica e biológica Gabriel Pareyon (Universidad de Guadalajara) |
17:00 | Debate |
Terça-feira (05/12) |
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10:00 | Composição musical inteligente
Carlos Volotão |
12:00 | Intervalo |
14:00 | Sessão Comunicações 1 |
16:00 | Painel MusMat |
17:00 | Intervalo |
18:00 | Concerto do Trio de Palhetas do Rio de Janeiro—Matemúsicas |
Quarta-feira (06/12) |
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10:00 | Technical challenges and creative applications of machine models for music composition
Charles de Paiva |
12:00 | Intervalo |
14:00 | Sessão Comunicações 2 |
15:00 | Introdução à modelagem computacional com OpenMusic
Charles Paiva |
Escola de Música da UFRJ – Prédio III
Edifício Ventura* – Av. República do Chile, 330, Torre Leste – 21o. Andar
Centro – Rio de Janeiro – RJ
CEP 20031-370
* É necessário o comparecimento com pelo menos 20 minutos de antecedência do horário marcado, para retirada do crachá na portaria; para usar os elevadores, é preciso digitar o número 21 e apertar a tecla confirma; é vedada a entrada no edifício de visitantes trajando bermuda e/ou chinelos
PALESTRAS
Analogia matemática versus metáfora na compreensão da música como uma estrutura bioquímica e biológica ● Gabriel Pareyon (CENIDIM-INBA / FaM-UNAM, México)
Em diferentes épocas e contextos, a música foi explicada e modelada tanto em termos de “organismo biológico” como de “estrutura”. Para isso, emprega-se a metáfora que revela “semelhanças” entre a ordem implícita dos organismos vivos e as partes que os compõem; mais a analogia também é usada como um sistema matemático de medidas, rações e proporções para “organizar” e “analisar” a música. Embora a metáfora seja de natureza subjetiva e emotiva, a analogia obedece a uma lógica estrita e objetiva. Pensar a música metaforicamente envolve as tendências “narrativas” ou “expositivas” da melodia e do ritmo; em contraste, pensar a música por analogia desperta nossos interesses harmoniosos, desde a configuração do acorde até a construção da forma e da macroestrutura musical. O presente artigo tem o objetivo de discutir como, com interesse pela musicologia, a metáfora é para o cérebro emocional qual é a analogia no cérebro matemático. No entanto, essa “dicotomia” não pode ser explicada no modelo cartesiano que a simplifica demais. O cérebro humano é inerente ao contexto humano e o último é inerente a uma ecologia social e um contexto evolutivo, desde a microestrutura até a macroestrutura. Nesse sentido, devemos explicar como e até que ponto a música já existe em microestruturas orgânicas, e de que maneira “o macro-orgânico” se torna socialização, cultura e convenção. Isso requer uma definição matemática da música com base na seguinte analogia:
onde o primeiro símbolo à esquerda refere-se à topologia do carbono, que é proporcional (∝) à topologia da música (representada aqui pelo símbolo µ).
Composição Musical Inteligente ● Carlos Volotão (IME)
A Inteligência Artificial é um conceito relativamente novo para a humanidade e tem sido muito procurada em todas as áreas do conhecimento. Embora não apresente soluções “mágicas” para os problemas da humanidade, traz um conjunto de ferramentas que podem ajudar muito o homem, se for bem compreendida. Esta apresentação aborda uma perspectiva do autor sobre o uso de técnicas de Inteligência Artificial na área de música e o que ganho se pode ter hoje e no futuro com métodos conexionistas e evolutivos.
Technical challenges and creative applications of machine models for music composition ● Charles de Paiva
The first decades of the modern computer saw many valuable experiments in music composition. Later on, from the 90s onwards, solid environments for computer-assisted composition have been created. Nevertheless, the study of machine models of musical composition appeals to a small, very specialized segment of the computer-music community today (which is mainly focused on sound-synthesis and information retrieval). Taking all the above into account, we raise the following questions: Have the challenges of the past been solved? Which applications for music models today?
COMUNICAÇÕES – SESSÃO 1
A geometria das relações parcimoniosas em música popular ● Carlos de Lemos Almada (carlosalmada@musica.ufrj.br), Claudia Usai Gomes (clauusaigom@hotmail.com), Igor Chagas(chagasguitarr@yahoo.com.br), João Penchel (joaopenchel@hotmail.com), Max Kühn (max-kuhn@hotmail.com)
Este artigo apresenta uma proposta de expansão teórico-metodológica do Sistema PK (ALMADA, 2017a; 2017b), que visa essencialmente ao estudo das relações entre tétrades em música popular, a partir de uma perspectiva baseada nas teorias neorriemanniana e transformacional. A referida proposta aborda especificamente a representação geométrica das conduções parcimoniosas das vozes dos acordes, considerando integralmente suas cardinalidades originais. Alguns conceitos e recursos de quantificação dos dados analíticos são apresentados, seguindo-se uma aplicação prática com a análise de um trecho da canção Luiza, de Tom Jobim.
Representações Matemáticas e Biológicas em Análise Derivativa ● Desirée Mayr (djmayr@yahoo.com), Carlos Almada (carlosalmada@musica.ufrj.br)
Este artigo tem como objetivo apresentar o modelo analítico para análise derivativa (MDA) em sua versão atual com os aperfeiçoamentos que foram recentemente implementados. O propósito essencial do MDA é analisar sistematicamente música organicamente composta, de acordo com os princípios schoenberguianos da Grudgestalt e variação progressiva. O processo de sistematização foi concretizado a partir de associações entre eventos musicais e formalização matemática, representações geométricas e conceitos derivados dos campos da Evolução Biológica e da Genética. Na parte final do artigo, uma aplicação prática na Sonata para Violino Op.78 de Brahms é apresentada.
Aliquid Stat pro Aliquo: cinco composições com notação textual para instrumentação livre: criação e análise de composições com abertura à improvisação ● Arthur Faraco (arthurfaraco67@gmail.com)
Neste trabalho serão realizadas análises sobre ideias da criação dentro da música nova, especificamente no campo de composições musicais que possuam uma abertura intrínseca à improvisação musical. Consiste em analisar peças com notações que se adequem a tal abertura e, a partir da análise destas, trabalhar o próprio processo criativo, compondo um conjunto de peças com tal característica. Também será analisada a peça Composition no. 245 do compositor Anthony Braxton, a fim de entender o processo criativo do autor e como funciona sua notação.
Domínio Sonoro: conceitos e aplicações na análise do III movimento do Op.11, de Webern ● André Codeço (andrecodeco@gmail.com), Liduino Pitombeira (pitombeira@musica.ufrj.br)
O Domínio Sonoro, doravante DS, é uma superfície abstrata finita onde planejamento, desenvolvimento e análise de materiais musicais se constituem, essencialmente, a partir: 1) da perspectiva de Smolin (2013) acerca do Tempo1; 2) da criação e aplicação de modelos matemáticos descritivos, que estão sendo originalmente desenvolvidos na pesquisa na qual este artigo se insere; 3) da aplicação de conceitos fora do tempo e dentro do tempo de Xenakis (1990); e 4) do Pensamento Sincrético (HALAC, 2013). O presente artigo tem como objetivo apresentar os conceitos e seus respectivos modelos matemáticos e expor a análise do III movimento do Op.11 de Webern, a partir das ferramentas analíticas do DS.
COMUNICAÇÕES – SESSÃO 2
Utilização do aplicativo de operações lineares Oplin como ferramenta de modelagem sistêmica ● Max Kühn (max-kuhn@hotmail.com). Claudia Usai (clauusaigom@hotmail.com), Rodrigo Pascale (rodrigo.pascale@yahoo.com.br), Liduino Pitombeira (pitombeira@musica.ufrj.br), Pauxy Gentil-Nunes (pauxygnunes@gmail.com)
Neste trabalho, demonstramos a utilização do Oplin, na determinação do conjunto de operadores lineares da obra Pirilampos, de Lorenzo Fernândez. A partir desses operadores, que constituem um sistema composicional hipotético, ou seja, um modelo sistêmico para a obra examinada, realizamos o planejamento composicional de uma nova obra para instrumentação distinta da formação original.
Ecco! – uma linguagem computacional para descrição e estudo de temperamentos musicais ● Lucas Bracher (lucasbracher@gmail.com)
A linguagem ecco! foi desenvolvida a partir da observação da dificuldade que músicos especializados em instrumentos históricos têm com o ferramental matemático necessário para descrever corretamente um temperamento musical. A partir da interação com a linguagem, um músico poderá descrever um temperamento usando apenas linguagem natural, sem a necessidade de usar operações de exponenciação e logaritmo, e poderá escutar o resultado do temperamento, bem como obterá a tabela de desvios em cents necessária para a programação de afinadores eletrônicos. O método utilizado foi o desenvolvimento da linguagem a partir da necessidade de facilitar o aprendizado dos aspectos matemáticos dos sistemas de temperamentos musicais e a observação direta dos estudantes destes sistemas ao utilizarem a mesma linguagem em comparação com os métodos existentes até hoje. A conclusão é que a linguagem ecco! facilitou o aprendizado e compreensão de aspectos dificilmente tangíveis de teoria de temperamentos, como as comas sintônicas e pitagórica, diferenciação de enarmônicos e iterações longas sobre o ciclo de quintas.
Do uso de tetracordes na concepção de um jogo de análise e composição musical ● Marcelo Birck (eletrolas@gmail.com), João Lazzarin (Departamento de Matemática da UFSM)
O artigo trata de um jogo de análise e composição, cuja meta é descobrir séries de 29 notas nas quais não se repitam nenhum dos 29 tetracordes da classificação de Allen Forte. Surgido de forma inesperada a partir da investigação de limites matemáticos que acelerassem a identificação de séries de 29 tetracordes (cujos cálculos são lentos mesmo para computadores), o jogo tem mostrado potencial para estimular abordagens além de possíveis hábitos musicais. Podem participar pessoas em fases distintas de sua formação.
PAINEL MUSMAT
Algoritmo genético e variação musical ● Carlos de Lemos Almada
Expansões da Análise Particional ● Pauxy Gentil-Nunes
Modelagem Sistêmica ● Liduino Pitombeira
Processo criativo a partir da textura ● Daniel Moreira