Projeto do Grupo de Pesquisa CMPC 🔗
Marcos Nogueira, docente responsável
Eduardo Biato, doutorando
Marcia Hallak, doutoranda
Willian Fernandes, doutorando
Caoqui Sanches, mestrando
Mauro Orsini, mestrando
Idioma alternativo para processo seletivo (Doutorado): francês
O projeto trata de teoria: uma teoria do entendimento musical fundada na argumentação especulativa de como fazemos música ter sentido. Portanto, não se abordam modelos teóricos acerca dos processos de tratamento “da matéria sonora” (tais como algorítmicos, seriais, fractais ou oriundos da chamada teoria pós-tonal), que visam à produção de padrões organizacionais discrimináveis que não implicam ainda o ato de formar enquanto realização de acontecimentos musicais. O objetivo do projeto é a investigação dos processos imaginativos que condicionam o surgimento dos sentidos dos textos musicais no ato da escuta. Se o projeto enfoca o entendimento — os processos cognitivos que geram os sentidos das experiências dos indivíduos no mundo —, assume o desafio de estudar a cognição espacial, um tópico central dos estudos contemporâneos em ciências cognitivas. Somos “no espaço” e a pesquisa neste âmbito tem perguntado como o espaço é percebido, processado, representado, comunicado. Mas qual a relação entre espaço, cognição e escuta musical? Música é uma experiência que nos impõe uma experiência radical de abstração, pois, mesmo que habitualmente vinculemos os sons a coisas materiais, a “realidade sônica” da música estabelece, insistentemente, sua autonomia de mundo sem matéria, constituído para além dos sons. Assim, construímos mentalmente uma “realidade virtual” para a música, uma abstração de realidade objetiva e espacial. O suporte metodológico para a presente investigação advém da psicologia e da neurociência incorporadas. O objetivo geral do projeto é a ampliação da discussão acadêmica em torno do sentido e da forma musicais. Tendo em vista as descrições linguísticas de nosso entendimento musical, os objetivos específicos do projeto estão comprometidos com a determinação daqueles padrões de abstração de movimento, forma e intenção, aquilo que podemos reconhecer como a base experiencial da constituição dos sentidos da música. A hipótese da pesquisa é que as abstrações formais ocupam o centro do sistema e resultam da interação de padrões de abstração de movimentos, enquanto affordances do fluxo musical, e padrões de abstração de intenções, que identificam a mente particular situada que experimenta este fluxo. O programa metodológico do presente projeto inclui: entrevistas e questionários aplicados a músicos e não músicos; desenvolvimento de procedimentos e protocolos de coleta de dados em diversas situações de escuta musical; programas de observação e testes orientados, mediante registros videofonográficos; e avaliação e formulação de modelos analíticos dedicados à apreensão e ao tratamento de parâmetros qualitativos e quantitativos das expressões linguísticas descritivas do entendimento musical.
The poetics of the musical mind: imagination, meaning, and embodied cognition
The project is about theory: a theory of musical understanding based on the speculative argument of making music make sense. Therefore, theoretical models about the treatment processes of “sound matter” (such as algorithmic, serial, fractal, or derived from the so-called post-tonal theory) are not addressed. They aim to produce discriminable organizational patterns that do not yet imply the act of forming while performing musical events. The project aims to investigate the imaginative processes that condition the emergence of the musical text meanings in the act of listening. If the project focuses on understanding — the cognitive processes that generate the meanings of individuals’ experiences in the world —, it takes on the challenge of studying spatial cognition, a central topic of contemporary studies in cognitive sciences. We are “in space,” and research in this area has asked how space is perceived, processed, represented, communicated. But what is the relationship between space, cognition, and listening to music? Music is an experience that imposes a radical abstraction experience because, even if we habitually link sounds to material things, the “sonic reality” of music insistently establishes its autonomy from a world without matter, constituted beyond sounds. Thus, we mentally build a “virtual reality” for music, an abstraction of objective and spatial reality. The methodological support for the present investigation comes from embodied psychology and neuroscience. The general objective of the project is to expand the academic discussion around the musical meaning and form. Because of the linguistic descriptions of our musical understanding, the project’s specific objectives are committed to determining those patterns of abstraction of movement, shape, and intention, which we can recognize as the experiential basis of the constitution of musical meaning. The research hypothesis is that formal abstractions occupy the center of the system and result from the interaction of patterns of abstraction of movements, while affordances of the musical flow and patterns of abstraction of intentions, which identify the particular situated mind that experiences this flow. The methodological program of this project includes interviews and questionnaires applied to musicians and non-musicians; development of data collection procedures and protocols in different situations of listening to music; guided observation and testing programs, using videophonographic records; and evaluation and formulation of analytical models dedicated to the apprehension and treatment of qualitative and quantitative parameters of the descriptive linguistic expressions of musical understanding.
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Programa de Pós-Graduação em Música da UFRJ 