A UFRJ, Escola de Música da UFRJ, PPGM-UFRJ e Grupo MusMat receberam, no último dia 03 de agosto, o compositor e violonista Arthur Kampela, que ofereceu uma impressionante e envolvente palestra a alunos e professores. O PPGM-UFRJ agradece a disponibilidade  e generosidade de Kampela, um dos mais importantes compositores brasileiros atuais.

ARTHUR KAMPELA – Conferência
“Timbre, Ergonomia e Modulação-Micrométrica: uma perspectiva Composicional”
Quarta-feira, 03 de agosto de 2016 – 16:00
Escola de Música da UFRJ – Prédio III
Edifício Ventura – Av. República do Chile, 330, Torre Leste
21o. Andar – Torre Leste – Sala 2102

(atenção: é vedada a entrada no edifício de visitantes trajando bermuda e/ou chinelos)

A música do compositor e violonista Arthur Kampela pode ser entendida enquanto intercessão entre aspectos ergonômicos ou físicos da manipulação instrumental e o desenvolvimento estrutural da composição. Sua música se forma exatamente na confrontação entre paradigmas rítmicos complexos como a modulação-micrométrica e técnicas-estendidas, provocando um delicado artesanato timbrístico e formal/conceitual. Exemplos disto podem ser notados em peças como: “Exoskeleton,” onde o violonista toca uma viola de orquestra como um violão; em “Motets” o duo de violonistas inicia com a guitarra invertida (a madeira de fundo para o público) tocando-a persuasivamente; em “Uma Faca Só Lâmina” para quarteto, “Antropofagia,” para guitarra elétrica e ensemble, como em sua peça “…B…” para dez instrumentistas, video e sons eletrônicos, faz-se uso de um ‘músico virtual’ (“…B…”), assim como de técnicas-estendidas e das modulações-micrométricas que promovem uma percepção completamente nova da funcionalidade rítmica; “Probe” para 3 vozes e 2 clarinetes contrabaixos feita para o Neuevocalsolisten, tenciona re-apresentar musicalmente uma situação de ensaio num  constante “ ritornello”  sonico-teatral como ponto de partida da composição. Tais aspectos trazem à obra de Kampela uma elegância tímbrica e uma aura sônica que ressoa e traduz de certa maneira nossa contemporaneidade e urgências criativas.

Arthur Kampela é compositor, violonista e cantor. Doutor em Composição pela Universidade de Columbia no EUA, é Ganhador do Prêmio Guggenhaiem de Composição (EUA, 2014). Foi artista em residência do DAAD Alemão (2012-13). Ganhou duas das mais importantes competições de composição para o violão na America do Sul: Prêmio “Rodrigo Riera”, na Venezuela e “Lamarque-Pons” no Uruguay. Recebeu ainda outros prêmios importantes nos EUA como o da Koussevitzky Foundation e o da Fromm Music Foundation de Harvard, ambos de composição.

Considerado por muitos um dos mais proeminentes compositores para o violão contemporâneo, Kampela vem ainda se apresentando com sua “new music band” na Europa EUA e Brasil. Assina um repertório que mistura canções recentes de estilo “avant-bossa” à sambas atonais, colagens, e pop-operas (ainda de seu LP “Epopéia e Graça…” lançado em 1988 no Rio de Janeiro).

Alguns projetos recentes: Projeto Smetak para o Ensemble Modern/DAAD (2016), Probe 3 vozes femininas e 3 clarinetes-contrabaixos para o Neuevocalsolisten (2015); Das Tripas Coração, para 2 pianistas e 2 percussionistas, Maerzmusik (2014), Migro para 1 violonista e 5 ensembles móveis (2013), Collegium Novum Zurich; “…B…” para 10  instrumentistas, video e sons eletrônicos, Linea Ensemble de Strasbourg (Darmstadt 2012/Ultraschall 2013); Uma Faca Só Lâmina (1998) para o Momenta Quartet (Americas Society, 2013); Motets para o duo de violão Oh Mensch (2011); MACUNAÍMA para a Filarmônica de New York (2009); Antropofagia para guitarra elétrica e ensemble ISCM, Stuttgart 2006 / Ultraschall, Berlin, 2013.

Estudou preeminentemente com Hans-Joachim Koelreutter, Brian Ferneyhough, Ursula Mamlok, Fred Lerdahl, Mário Davidowski, Rodolfo Caesar e Ricardo Tacuchian. Suas músicas  tem sido apresentadas nos mais importantes espaços culturais no mundo hoje. Vem também expondo suas idîeas teóricas sobre a Modulação Micro-Métrica em importantes centros (IRCAM, Harvard, UdK Berlin, Leipzig Escola superior “Mendelssohn Bartholdi,” etc.)

Escrito por grupomusmat

Deixe um comentário